Uma promotora disse nesta quarta-feira (10) que Alec Baldwin quebrou “regras fundamentais” para manusear armas na caso que terminou com a morte de Halyna Hutchins, diretora de fotografia do filme “Rust”, em 2021.
Enquanto isso, o advogado do artista culpou especialistas em segurança do set do filme, que já foram condenados no caso.
Baldwin, de 66 anos, que está sendo julgado por homicídio culposo pela primeira fatalidade por tiro em Hollywood em três décadas, tomou notas na mesa da defesa e ouviu calmamente.
A acusação é sem precedentes na história dos EUA, responsabilizando criminalmente um ator por uma morte por arma de fogo durante as filmagens.
Um júri do estado do Novo México ouviu a promotora Erlinda Johnson delinear os argumentos de que Baldwin desconsiderou a segurança durante as filmagens quando apontou uma arma para Hutchins, engatilhou e puxou o gatilho no set.
“As evidências mostrarão que alguém que brincou de faz de conta com uma arma de verdade e violou as regras cardeais de segurança de armas de fogo é o réu, Alexander Baldwin”, disse Johnson.
A esposa de Baldwin, Hilaria Baldwin, estava na segunda fileira da galeria pública, e o irmão, Stephen Baldwin, na frente dela.
Advogado de Baldwin culpa armeira e assistente
O advogado do artista, Alex Spiro, falou sobre a armeira de “Rust”, Hannah Gutierrez — chefe de segurança de armas –, e o primeiro assistente de direção, Dave Halls — responsável pela segurança geral do set.
Ambos foram condenados pelo caso, e Spiro pontuou que eles não verificaram os cartuchos na arma para garantir que era seguro que Baldwin a utilizasse.
“Havia pessoas responsáveis pela segurança de armas de fogo, mas o ator Alec Baldwin não cometeu nenhum crime”, alegou o advogado.
Relembre o caso
Halyna Hutchins foi morta quando o revólver Single Action Army, de 1873, que Alec Baldwin segurava disparou um cartucho real, inadvertidamente carregado por Gutierrez. O diretor Joel Souza também ficou ferido.
Desde um interrogatório policial em 21 de outubro de 2021, o dia do caso, Baldwin argumentou que a arma simplesmente “disparou”.
Em uma entrevista à ABC News dois meses depois, Baldwin afirmou a George Stephanopoulos que não puxou o gatilho.
Um teste do FBI, a agência de investigações federal dos EUA, de 2022 descobriu que a arma estava em condições normais de funcionamento e não dispararia sem que o gatilho fosse puxado.
Em um sinal de recuo da defesa sobre isso, Spiro ressaltou que mesmo que Baldwin puxasse o gatilho, não era um crime. Ele pontuou que era trabalho de Gutierrez e Halls permitir que um ator “agitasse, apontasse, puxasse o gatilho” com segurança, “como os atores fazem”.
“Em um set de filmagem, você tem permissão para puxar o gatilho, então, mesmo que ele tenha puxado o gatilho intencionalmente, como disseram os promotores, isso não significa que ele cometeu um homicídio”, alegou o advogado.
Os promotores estaduais acusaram Baldwin de homicídio culposo em janeiro de 2022.
Eles retiraram as acusações três meses depois, após os advogados do ator apresentarem evidências fotográficas de que a arma foi modificada, argumentando que ela dispararia mais facilmente, reforçando o argumento de disparo acidental do ator.
Os promotores convocaram um grande júri para restabelecer a acusação em janeiro, após um especialista independente em armas de fogo confirmar o estudo do FBI de 2022.
“Ele apontou a arma para outro ser humano, engatilhou e puxou o gatilho em total desrespeito à segurança da senhorita Hutchins”, afirmou Johnson.
Gutierrez, a armeira cujo trabalho no set de “Rust” incluía possibilitar manusear armas de fogo com segurança, foi condenada por homicídio culposo em março por carregar a munição real.
A advogada Gloria Allred, que representa os pais e a irmã de Hutchins em um processo contra Baldwin, estava na galeria pública do tribunal nesta quarta-feira.
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